Música

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O complemento...


A complenamentalidade...

Dizia-se que - masculino e feminino: perfaziam uma unidade que os próprios Deuses (estados de consciência superiores) invejavam, desconfiavam ou temiam - pelo que  - num ato de reflectida intenção SEPARADORA colocaram os opostos complementares em duas dimensões inversas da existência...

Quanto mais cresce a sobriedade e fortaleza do masculino mais se desenvolve a subtil forma de manifestar-se do feminino...
Rodar a roda numa ou noutra direcção é intenção de muitos... as medidas certas para o fazer não são pertença de NENHUM: por isso o caos e a desordem onde as medidas estavam gravadas para permitir harmonia no processo de coesão...

Quanto mais cresce a ambivalência, mais cresce a tendência de amalgamar sem conta peso e medida duas formas de estar conscientes que implicam coesão, complemento...falamos aqui dos pilares que sustentam, aninham e dão fundamento à própria vida...

Hoje é a própria vida que se encontra em causa: a sua identidade, a sua qualidade... o seu extenso potencial de gerar diferença sólida que sustente a consciência no seu caminho de incorporação e regresso ao seu "paraíso" original...

No fundo - poderemos ser como crianças - mas seremos crianças conscientes, com opções claras, concisas e coerentes com aquilo que descobrimos acerca da essência que se esconde detrás do véu de se "estar" humano...

No entanto - se estamos cada vez mais Sós... com estereótipos completamente baseados em abstracções sem fundamento - os seres humanos seguem caminhos para as sombras que os perdem nas neblinas do tempo... abafando suas vozes nos labirintos do esquecimento...

Quantos mecanismos de encontro, quanta partilha de informação sem contexto, quanto conhecer "faces" sem ver corações?...

As identidades formais às que nos modelamos variam com o tempo... os corpos que habitamos, a estrutura dos nossos ossos, as proporções hormonais, a quantidade de sangue, a massa muscular... tudo berra aos quatro ventos aquilo que somos e no que nos vamos modelando neste caminhar entre a capacidade de estar desperto e a capacidadde de se saber "real"...

A presença de certos "apêndices" (utilizamos aqui a ironia do óbvio sobre a argumentação da filosofia moderna do ser humano "funcional") que - numa era económico-cêntrica estão completamente descontextualizados (para quê um útero se não se pode gerar - por acordo tácito com o sistema económico vigente - mais do que um vástago se tal puder ser consumado numa idade na que o Córtex cerebral não tenha já tomado conta da perspectiva da existência e - assim - nos tenha trancado num complexo labiríntico sem saída lógica?...).

O ser humano - cada vez mais encerrado num labirinto, necessita da sua argucia e do seu sentir para se libertar, daqui:

só o amor liberta...

Mas - que amor?

A explosão de hormonas que procuro com a gaja boa da foto do face, com a conversa fácil da que me vê pelos cargos que desempenho? Do fim de semana exuberante num qualquer local retirado onde se leva as companhias fátuas que passam a meu lado?

Os orgasmos precoces ou tardios... ou contidos... ou doentios que aplico de forma descontextualizada da minha verdade total uma vez que me é velado o caminho vivo de encontro, conhecimento e entrosamento com uma mulher real e não apenas com a sombra dos meus dias: gravados por opções de meio termo no que o tempo investido é sempre amplo mas superficial?

A alguma actividade que exerça como credo partindo do MEDO de que o ser humano meu companheiro - pura e simplesmente - me possa falhar?
Entendes de onde nascem a maioria das opções que tomas na tua vida afinal?...

...do medo ou da confiança de amar? cada uma um pilar fundamental que construirá a casa - tua obra - numa ou noutra tonalidade existencial... do medo para o esquecimento... da confiança para o amor...

Quanto tempo de qualidade para aquela pessoa na que CREIO de VERDADE?

Quanto PERSEVERAR nas lutas e nas derrotas antes de se pular fora e dizer "não"?

Avaliamos a nossa capacidade de amar pelo corolário ou o número de derrotados que se alinham no cenário da nossa passagem pela vida que nos é dada a mimar, a melhorar... a refinar?

Quantos momentos culminantes, nos quais os que são amantes conseguem estabelecer pontes conscientes: com o seu corpo vibrante, a sua intenção presente e o projecto do sonho a dois - e assim festejam o que pode ser mais um passo do caminho conseguido e festejado com a sua dualidade feita passos com ecos iguais?...

Já agora - neste tempo no que "laisser faire, laisser passer" - onde todos podem - aparentemente - escolher um caminho e esperar que não colisione com nenhum outro: onde fica o PROJECTO de vida que implique OUTREM no sentido de lhe ABRIR ESPAÇO, CRIAR TEMPOS e GERAR PRIORIDADES para que esse famoso "outro" ansiado e sonhado possa nestas nossas vidas entrar, germinar, criar raízes e - um dia - frutificar e a todos nos alimentar?

O amor vem com um rosto... não é uma experiência abstracta nem um exercício mental. Pede e exige em função das características essencias do ser que nos foi dado/ escolhemos para caminhar...

A liberdade - não radica apenas em estar "livre" para olhar e ir em uma direcção - está na capacidade de saber QUEM SOU, de ONDE VENHO e PARA ONDE VOU.

Traçar um segmento de recta - desde a minha origem até ao objectivo almejado e - vivendo plenamente o momento presente - comprometer-se com esse tal ser humano que possa caminhar no mesmo sentido... a meu lado.

"Desculpe menina - por acaso vai na direcção do amor que liberta, seguindo os passos dos valores que o alicerçam e com a vontade de compromisso de caminhar a dois e a dois crescer, lutar e expandir essa doação constante ao que muitos chamam de "amar"?"

Neste tempo no que se derrubam paradigmas: no que o masculino é denegrido, criticado ou simplesmente ignorado e o feminino se reajusta às exigências de um mercado de trabalho que requisita trabalhadores indiferenciados que sirvam o deus das horas extras sem remuneração:

- as linhas de apoio, os projectos e os planos para o futuro ficam de lado perante um outro mundo que - como sempre que algo muda - se apresenta caótico: com ideias cintilantes apontando para mil e uma partes... com seres que vêm com o coração e com uma mente que ainda se nega a circunscrever caminho para dele fazer opção...

Jovens nos tornamos e como jovens experimentamos esta nova realidade... procurando via e caminho entre tanto desatino de possibilidades vãs e ideias oriundas de emoções que não são sãs...

Todos procuram amar mas nem todo o amor é válido.

Verdade; Coerência; Transparência; Benignidade

No meio deste corre corre - que exaure as nossas forças para recriar o hoje e ter o amanhã merecido - há que parar!

Sentar - lado a lado: como irmão... como irmã...

Antes de mais - acima de tudo - seres complementarmente amigos que decidem embelezar esta barca de pedra que lhes foi dada a cuidar...

Como a vida que se manifesta numa forma e num conteúdo e começar por ai a sonhar... a fazer contas... um dia - quem sabe - talvez voar...

Tudo o que geramos - as egrégoras que abraçamos ou as leis que elaboramos: servem o humano interesse de se expandir, crescer, sorrir: caminhar em paz e ter o direito a fazê-lo o mais possível de tempo nesse estado de ânimo que chamamos de "feliz"...

Os extremos estão abertos:

A antiga estrutura defende-se apertando ainda mais o cerco com as armas que já se lhe conhecem - nada disto mudou.

Se antes a opressão ideológica, antes a ameaça nuclear, o afogo militar, a chaga da ignorância: hoje a especulação sobre vidas fúteis e o controlo em feed-back com cargas económicas impossíveis de contornar...

Mas esta estrutura reage perante uma outra força - caótica e de origem interior - que pretende tomar o poder (e assim - já vimos - nos condenando a um mesmo perecer);

É a força do amor incontido... do outro lado que se sente preso - e oprimido - e que deseja a tudo o custo prevalecer... existir... viver!

Esta "amar" sem sentido é um louco que vai despido entre as pessoas que passam, um palhaço sem graça que convida a danças na beira do abismo e que - usando a força do amor proibido pelas normas e critérios do arcabouço que passa - pretende ser dono dos destinos de todos aqueles que - até agora - se transformaram em estruturas baças, seres vazios, deprimidos ou simples cobradores de impostos às pessoas com quem partilharam vida, tempo ou casa...


É este tipo de força que - veementemente - há que dizer não...

Como homens e mulheres CONSCIENTES: despertos perante a tentativa de uma estrutura obsoleta em manter o poder e do reino caótico que por detrás se esconde e que nos quer envolver:

Depois de tudo isto.. por favor - RECORDAR:

a ESSÊNCIA DO HUMANO MOMENTO NO QUE SE GEROU A LUZ:

O momento concreto no que nos vimos pela primeira vez...

O presente indirecto de se entregar a vida e projecto nas mãos de um outro igual: ninguém mais sábio ou importante do que a própria vida que se nos dá... um irmão, um semelhante.... um espelho vibrante da TUA PRÓPRIA VIDA AFINAL...

como tratas de ti na pessoa do outro? Como te vês reflectido na conversa depois do dia de trabalho opressor? Recebe o ser amado o melhor do teu fado ou vão lá ter as pancadas que o sistema em ti despejou?...

O momento no que se crê - a pés juntos - que a dois se faz caminho e que a vida é caminho para andar - usufruir e partilhar... e que todas as lições de vida, e todos os desvios vão ter sempre uma história para se contar: oriunda de um ser que não desiste de ser o que é e que sonha um dia poder estar à frente de quem se ama para assim se poder revelar...

A força do destino é o objectivo final - que caminhemos sem desatino - conscientes que na mão amada: na sua presença sagrada - está parte do santo graal:

A outra parte está na soberana vontade - no fio de prumo que nos é dado na idade - de saber escolher com olhos de ver o caminho e com quem caminhar...

Apaixonemo-nos sem medo: mantendo o desvelo por aquilo que é mais importante nesta vida afinal - o caminho de luz que ascende aos mais altos valores do momento presente ou o deixar-se fazer e levar para onde quer que as sombras nos queiram arrastar...

EIS A ESCOLHA DOS TEMPOS QUE SE NOS APRESENTAM NESTES DIAS ESTRANHOS...

Só mais uma coisa - meus irmãos, minhas irmãs:

ainda que a natura nos envolva e aconchegue - a diferença perpetua-se na forma hirta, firme e centrada com que mantemos a graça de olhar de frente e em frente poder caminhar:

foi-nos dado o passo bípede para dar as mãos, olhar em frente - ter horizonte - sonhar - avançar e abraçar...

As outras espécies nos contemplam e fazem eco desse divino ritual: amor que se partilha - se expande.

Amor que se promove com um plano de vida e uma coerência ao caminhar...

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