Música

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Vogar... Valsa Lenta



No som das marés... brisa na pele quando te sinto por inteiro  e tu assim me vês...

Caminhando... no sendeiro da vida... apreciando flores, aves, veredas... fazendo delas nossa guarida... Levantando pela manhã e voltando a caminhar...

Quando toco teu Ser... teu olhar... tua pele... pontes de vida que estou a lançar...
Quando me vês... quando sentes ternura, carinho, desejo e te deixas ser... pontes de luz que começam a brilhar...

Somos dois... e somos Um... no íntimo e secreto jardim, onde só tu sabes o que é de mim... nos encontramos; ai nos misturamos... já não mais dois... apenas Um...

Teu vibrar... meu sentir... tua pele... meu tocar... até que não há forma de discernir... onde começa a lua e termina o luar...

Sol que irradia... vida a brilhar... eclipse sem noite... dia a despontar...

Se em ti mergulho... se te deixas levar... confias nestes braços... neles te deixas amparar...

Se em mim repousas.. no meu colo o teu cansar... tua criança livre num mundo por degustar...

Depois... serenos... poderemos brincar...

Teu corpo... meu templo... duas formas de se entregar...

E no fim... quando tudo parece se esvair: sem sentido ou lugar... cruzamos ambos a porta e no nosso mundo voltamos a entrar...



Consciência apurada, respiração vital... peito em peito... um só coração a palpitar...
Respiração que se modula... intensidade ao se agarrar... entrando um no outro... de novo Um ao nos olhar...

Passando além do espelho... e detrás do espelho nos voltamos a encontrar... sorriso eterno, vida plena... mergulho no absoluto e seu eterno despertar...

Lentamente... lado a lado... voltamos... regressar;  tu ainda o meu cheiro...  eu ainda o teu olhar...
Mãos que afagam e acolhem... devolvemos o Ser o seu lugar...
Braços que acolhem... olhar sereno... sabemos estar em casa... nosso verdadeiro lar...

E o mundo corre depressa... tão rápido nos quer fazer andar!
O nosso tempo é precioso, para nos vermos é preciso tempo e tempo é preciso para nos amar...

Olha as flores que passam... passa por elas devagar...
Delicia-te com o seu aroma sem no aroma te deixares levar...

Estás a caminho de casa... cada Ser tem lá seu lugar...
Estamos lá nós: abraçados... já chegados - regressamos... voltando a procurar...

O prazer é uma linha: ténue seu cunho... intenso o seu vibrar...
Pisas seu risco e nela te aferras... teia invisível que te faz esquecer e logo se desfaz...



Quem olha sem medo ou desejo... sabe que é parte do Ser e  lugar
Onde os sonhos convergem na noite e dos sonhos renasce novo dia a raiar

Fênix renascida, águia da luz a pairar... esperança incontida... abraçar, sorrir, amar...

Inocência retida na vida do teu olhar...
Regressa à essencia garrida que um dia te motivou a andar...

Lembra teus sonhos... ai está quem és...
O mundo pede muito... mas é mundo... e apenas existe a teus pés...
Caminhante... não houve caminho que não se fizesse contra vento e marés...
Recuperaste teu rumo, tua sina, teu mundo... apostaste tudo em amar...



Não há um rosto que te marque, não há um corpo que te faça duvidar...
Olhando fundo nos olhos do tempo... verás nesse poço apenas um reflexo a flutuar...

Acaricia com deleite... devoção em cada centímetro de pele que tocar
Pois abraças a própria vida e sua essência... e o amor está ocupando o seu lugar...

Vogando... valsa lenta... remando com vigor no amplo mar
Sentimentos e emoções contidas se libertem... para que sejas livre e possas voar...

O Leão ruge, no alto do monte... o seu rugir não assusta quem sabe honrar
Os momentos sublimes de encontro e a dádiva da vida à própria vida ao se entregar

Soltas o lastre que te prende... deixas atrás a dor afinal: sorrindo para o dia presente: prémio e graal
Encontrarás um senfim de bênçãos... apenas esperando nesse olhar para se revelar...

Ama o dia, ama a noite... ama o vento e o seu cantar...
Ama a rosa... ama o espinho... amam a pétala que te vai curar...

Entrega teu medo, nas mãos dos segredos, cantados à noite ao luar...
Desfazendo sêlos, cortando novelos... destrançando a trama da vida a despertar...

Assim: livre, entregue nos braços do ser que te veio embalar,
Caminha - sereno - olha de novo o dia e acredita que estás aqui para brilhar...

Caminhamos juntos - tu e eu- somos na vida um par...
Sabemos - em segredo... que as nossas mãos se tocam ao nos abraçar...



Não há noite nem dia neste eterno acordar...
Apenas tonalidades... sinfonia... que se estende e se ouve na alma ao passar...

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