Música

segunda-feira, 27 de julho de 2015

AINDA É TEMPO DE SER TEMPO... UM NOVO FUNDAMENTO











O Norte entrou pela barra 
já ninguém se espanta aqui 
basta um abrigo, uma capa 
ou um beijo.

O Norte avisa que o tempo 
só se altera por três dias 
e o vento que nos trespassa 
não sabia.

Neva sobre a Marginal 
só que a neve não espera 
não se vai com a primavera 
nem fica á espera no chão

Neva sobre a Marginal 
quem me dera que mar fosse 
o mar é muito mais doce 
e não fere o coração

O Norte foi como veio 
sem avisar, sem um gesto 
sem um grito ou manifesto 
sem dizer se isso lhe dói

Leva para outras paragens 
O resultado dos ventos 
leva também as imagens 
dispersas de lamentos. 
Mas deixa as dos bons momentos 
para voltar.



De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada?

De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado

Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado?

De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido?

De que fontes, de que águas
De que chão, de que horizontes
De que neves, de que fráguas
De que sedes, de que montes

De que norte, de que lida
De que desertos de morte
Vieste tu, feiticeira
Inundar-me de vida...?

De que noche demorada
O de que breve mañana
Llegaste tu, hechicera
De nubes deslumbrada?

De que sueño hecho mar
O de que mar no soñado
Viniste tu, hechicera,
Anillarte a mi lado?

De que fuego renacido
O de que lumbre apagada
Viniste tu, hechicera
A segrediarme al oído?

De que fuente, de que agua
De que suelo y horizonte
De que nieves, de que fraguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lidia
De que desierto de muerte
Viniste tu, hechicera
A inundarme de vida...?

De que fontes, de que águas
De que chão, de que horizontes
De que neves, de que fráguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lida
De que desertos de morte
Vieste tu, feiticeira
Inundar-me de vida...?





Há uma voz de sempre, 
Que chama por mim. 
Para que eu lembre, 
Que a noite tem fim.

Ainda procuro, 
Por quem não esqueci. 
Em nome de um sonho, 
Em nome de ti.

Procuro à noite, 
Um sinal de ti. 
Espero à noite
Por quem não esqueci.

Eu peço à noite
Um sinal de ti. 
Quem eu não esqueci...

Por sinais perdidos, 
Espero em vão
Por tempos antigos, 
Por uma canção.

Ainda procuro, 
Por quem não esqueci. 
Por quem já não volta, 
Por quem eu perdi.

A vida se renova adquire nova cadencia e entre as copias que recopias essa estranha  alta ciência permanece em si escondida permanece em ti - acesa - qual chama de vida - qual a devida surpresa...







Era a tarde mais longa de todas as tardes 
que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, 
tardavas e eu entardecia

Era tarde, tão tarde, que a boca, 
tardando-lhe o beijo, mordia

Quando à boca da noite surgiste 
na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos 
no beijo que a boca pedia

E na tarde ficámos unidos 
ardendo na luz que morria

Em nós dois nessa tarde 
em que tanto tardaste 
o sol amanhecia

Era tarde de mais para haver 
outra noite, 
para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde

Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde

Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza

Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites 
que me adormeceram

Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas 
e beijos se encheram

Foi a noite em que os nossos dois corpos 
cansados não adormeceram

E da estrada mais linda da noite 
uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite 
nos aconteceram

Era o dia da noite de todas as noites 
que nos precederam

Era a noite mais clara daqueles que à noite 
amando se deram

E entre os braços da noite de tanto se amarem, 
vivendo morreram


Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, 
se é riso, se é pranto

É por ti que adormeço e acordo 
e acordado recordo no canto

Essa tarde em que tarde surgiste 
dum triste e profundo recanto

Essa noite em que cedo nasceste 
despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem 
se quer tanto!








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