Música

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Caminhar: mãos dadas ou voar...

Dizem...

Dizem que os Deuses - com ciúme, receio... ou simples saber que antecipa caminhos que poderão ser enviesados... separaram o masculino e o feminino para que - procurando-se... talvez... se encontrassem num centro imaginado... sonhado... ansiado...

Dizem... que a fonte de vida... que jorra entre duas circulares entrelaçadas: uma negra outra branca... se encontra guardada por serpentes que barram a entrada ao que a procura por força, artilúgio ou manha...

Dizem... que a lua é sapiente... e sapiente o Sol quando levanta... uma serena, sensível... estendida: como a superfície de um lago cristalino que reluz a noite como fina prata...

ele pleno... firme... irradiante... tão pujante e como a voz firme levantando de oriente: que é ouro de dia... e de noite mata;

Para aquele que caminha - no raio dourado do sol poente - a Lua anuncia o fim de uma jornada... como a voz timbrada e máscula ou imponente parece ruído ao que ouvo sua voz fina e serena na sua dança transparente em pisadas subtis de flor branca ou de fada...

Para quem suspira... por figura sólida outrora criança: a luz quente do Sol eminente ou o som de um galo quando espanta - as névoas das sombras embalando os sonhos dos dormentes antes da aurora e da madrugada -  serão afrontas ou cardos secos... como os espinhos da Rosa sem saber tomada...

Há um tempo no que ambos se encontram... há um tempo no que as luzes dançam... tempo no que a Lua é vigente... sua luz dourada, no que o Sol é sereno... sua vontade prateada...

Eis a ponte que une mundos... horizontes longínquos baixo o mesmo fluir... como um rio que corre sem pressa... cujas águas são gotas... e o mar por vir...

Há uma escada... para o que quer subir... há estrelas e sonhos... e degraus de mármore para sentir...

Valores que marcam Norte... como via e sentido para poder ouvir...

Com voz clara e transparente... o silêncio feito melodia... a vida feita gente... o pó e a lama como harmonia... e o ruído como graça latente...

Haja quem ouça e compreenda - o que dizem os astros, o dia e o luar...

Haja quem faça sentido entre a confusa voz quando aparece em ondas discordar...

Pois se as vagas do mar se contam e se fazem números... também os humanos poderão caminhar...

Mão dada - abraço presente - de quem dá e recebe sem haver poder, oposto ou complementar...

Apenas a mesma forma feita Presente... num gesto simples a manifestar...

Assim - juntos - há caminho e há lembrar... que a vida vem ao estar presentes: ser que recebe e ser para se dar...

Quem é quem nesta história - cabe ao sol e ao luar...
Dizer se é calor a noite escura... se é frio o sol brilhar...

Certo é certamente - neste tempo dado para andar...

Quem caminha só entre tanta gente e quem procura - na VERDADE - encontrar o seu par...

Dizem que os Deuses - o humano quiseram celebrar...

Seja hermes ou afrodita... seja forma e essência... casca e sêmea da árvore singular...

Rouach, shekinah ou torah... seja linha, contorno esquema... seja côr, preenchimento ou manifesto que fala e sente como igual...

Assim - caminhantes todos: nesta peregrinação especial...

Nem roma, jerusalém meca ou medina...

Cor... acção... centro de vida a palpitar...

Que umas vezes contrai outras se agita - impulsando mares vermelhos por navegar...

Por cada veia e artéria definida... nesta vida feita gente.. no espelho da vida a se mirar...

Encontra amigo - amiga - o teu passo neste vagar...

Teu caminho - tua rota definida... teu centro de espiral sem nexo...

Teu círculo perfeito na mão que te ajuda a avançar...

E quando lês estas linhas - sente que estás a comungar: com irmão peregrino em terras desconhecidas... com navegante lendo estrelas de um verso singular:

Escrito desde sempre entre as margens - de rio que flui sem pressa
Entre as veredas bizarras de um país sem igual...

Planície deserta - castelo... praça - floresta... edifício e tronco... árvore viva: pedra filosofal...

O mesmo olhar que se mira - de um e outro lado - do tal espelho vital...

Estrofes de poemas incompletos... sinfonias por terminar...
Capelas inconclusas... monumentos... do mesmo plano original...

Que nos une e faz concretos - nesta esfera a rodar?
Que nos dá força e alento... no peso da jornada em seu final?
Que nos alimenta e ergue - em cada queda do caminhar?
Que nos pede alento... e dá susttento - nas pontes estreitas a atravessar?...

Pois parece que a porta é estreita... e o fardo carregado imenso para a passar...

Quem verá esperança onde se apontam erros... quem verá a virtude no estrume deste chão?

Será a flor o fruto sem o sólo e seu negrume... será a Rosa tão pura sem húmus a sustentar?...
Será o loto imaculado flutuando nas águas... que escondem o lodo de onde se ergue singular?...

Seja assim feita sentença - entre a lei, o seu sopro e a sua comunhão...

Andar - andamos todos - olhar no horizonte.. coração palpitante... e pés bem assentes neste chão...

Abraço fraterno - de quem sangra quando o ferem... de quem sorri quando lhe dão a mão

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