Música

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Santuário... um lugar no coração



Entrelaçar… perspectivas…
Voar… entre as sombras das vidas…
Ecoar… a mensagem que levas dentro…
Sentir… quando, de que forma… em que momento…

Três seres que se encontram… dançando o mundo real…
Três vidas que se unem… elevando uma dança espiral…

Canto de criança na noite escura…
Luz que ilumina quem por nós passar…
Sorriso da alma… coração que palpita…
Assim chegamos mais perto de amar…

Já nos contaram a história – do iluminado estóico: só perante o grande mar
Suas vagas o ameaçam, sua imensidão o faz hesitar…
O Iluminado mergulha… sereno no seu afã…
Engolido pelas águas… ninguém o vê, ninguém mais o verá…

Quando dois ou três se dão mãos, quando seus corações começam a palpitar
Uma dança anterga recomeça desde o confim dos tempos…
Lembrando ao dormente a sua vocação de se entregar…

Dança de êxtase… suave pairar
Deslizando sobre o coração do mundo… aninhando este novo lugar…
Que é santuário para todos… que é vida a recomeçar…

Asas brancas, corações vermelhos… todos amigos nesse novo lar
Quando os extremos se dão costas, sobra um pequeno lugar…
Quente, vivo, cheio… dos ecos do Grande Coração a palpitar

Erguemos pilares… vida, sonho, anseio
Deixamos pedras de fundação… respeito profundo pela mistério da criação
Levantamos estandartes… cores garridas, ornatos inquietantes… flores brancas a despontar

Muros de braços, unidos num só abraçar…
Portas… de corações puros para se entregar…
Torres cimeiras de olhar mais além do amplo mar
E lares, muitos lares… chama dourada irradiando de onde haja quem queira se entregar…

O Santuário… lugar de luz… para onde convergem aqueles que são chamados a construir o mundo dos sonhos… a verdade do amanhã…


sexta-feira, 27 de abril de 2012



Se os teus pedidos e os meus anseios…
Se os teus motivos e os meus receios…
Se mais houvesse….

Quanto mais... se – à partida – soubéssemos ser um - para lá do “rum-rum” deste nosso eco, do toque poético, do roce do ar por nós ao passar… se mais houvesse... campo, flor e mar…

Se as peles se tocassem e, ao de leve e se pudessem trespassar – que outro sentido – que mundo novo e aberto… perdido – se simplesmente nos deixássemos amar?....



No fundo – ir mais longe do que encontrar-se noutros olhos, noutro vestir, noutro caminhar e – olhando no espelho da pele – aquele que não mente e que connosco compreende – nos sentíssemos vivos e libertos – presos nesse outro amplo olhar….?



Quem nos vê – a mim e a ti – caminhando com roupas estranhas, vestindo modas bizarras, quando o que queremos é voar?

Onde está o sentido – de andar à roda - quando sabemos por dentro – bem lá onde  a verdade mora – que aquilo que vemos por fora é só parte do nosso amplo horizonte – nossa forma de nos elevar?



Sabemos que somos seres de luz despidos – ou crianças de barro com vestidos garridos – caminhando estrada fora com um só cantar…



Elevemos nossas vozes – cantos ancestrais de ecos atrozes.. até tocar padrões celestiais…

Os anjos nos contemplarão com regozijo – em nós verão o seu fruto feito trigo – e trigo seremos nesta terra entre as estrelas e o mar…



Seremos fecundos – de vida, horizontes e mundos… porque em nós temos sementes de amanhã

Iremos perdidos – vagando sem tino – encontrando aqueles que nos são próprios – sorrindo para aqueles que ainda não…

Pois – no nosso abraço imenso – na nossa paixão pelos tempos – podemos conter e aninhar muito mais…

Somos seres da vida, rodopio de ondas em praias perdidas, brisas soprando palavras para libertar…



Horizontes garridos, seres de fronte luminosa e passado esquecido… olhares que se projectam no amanhã…

Presentes da vida, nortes sem brida… temos o horizonte gravado no coração da manhã…



Elevamos asas aos céus – sabemos que são meus… são teus… que connosco conspiram os seres da aurora… todo dia, noite fora – querendo que cheguemos com nossos passitos incipientes e os saudemos no nosso grande e eterno lar….

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A-MORS




Entrelaçados… dois seres… luz pura feita toque, saliva e contacto… e prazer…

Etéreos… aninhados… asas com asas num voo pela dor de sofrer… do querer

A presença amada, o sentir como o tempo a paixão apaga… como a vida deixa de sorrir…

Então: despertos – reconhecemos nossa sina, nossa verdade… nossa vida…

Jardineiros eternos, cuidadores das rosas do porvir:

Desatamos nós da vida, entrançando horizontes, fazendo prece daquilo que só a alma consegue ouvir…

Água viva, chama pura… ser que o tempo apura…
Alimento com olhar, com toque, com regressar… a casa – à terna morada

Do nosso abraço eterno, da nossa sensibilidade pairando… do nosso momento presente…

Pele com pele… finos laivos de prata percorrendo a luz do real

Arfejo… boca que com boca falando desejo… corpos que ondulam num eterno mar…

Confesso… os nós que me prendem por dentro, a vida que em mim alento… confiando mergulho buscando mais…

Olho para o alto… não te vejo… de repente sinto o toque que reconheço… te contemplo… sei onde estás…



No peito palpita uma chama… pura, entrelaçada… segura… centro presente do meu amor em ti…

Deste porto seguro partem os barcos que ancoram noutras margens, noutros lugares… noutras tribos e linguagens que não aquela que nos foi dada a escutar…

Palpitares… pairar de serenidades, que se esvaem pela pele… sopro de verdades… revivendo cada desejo com o rebento de sementes vivas prometendo jardins celestiais…

Tu… e eu…. somos mais…

Em cada gesto de carícia, toque ou partilha… em cada confissão do alto ou do baixo que esta gente aninha… há algo de maior… mais profundo do que a dor do mundo… mais amplo do que o amplo mar…

Confiar… em cada beijo para além do desejo… em cada carícia como reconhecimento… sereno… cada sorriso um oásis ameno… cada gesto de encontro a porta de entrada para um mundo mais real… nosso paraíso terrenal…

É ai que eu te vejo… despida dos robes que a realidade apura, das vestes encantadoras que a visão ofusca… das máscaras de argila que se desfazem em cinzas, das cores garridas que vêm dos corais… eu Sei-te mais…

Sei teu coração inflamado, sei o que é sentir-me a teu lado… sei… um coração só entre dois a palpitar…

No fundo… renascemos por dentro… jardineiros eternos cuidando sementes de tempo que esperam desabrochar…

Em ti me vou plantar… nesse peito me reconheço… nesse respirar me embalo e desperto – dia após dia… para ver novamente este lugar sabendo… que é apenas um sonho… que por dentro está o despertar…

Que tu eu vivemos no outro lado do rio, que a nossa vida É A VIDA: que não mais perdida se estende em ondas douradas pelos campos do amanhã…

Ecos que palpitam, sementes que dormitam: esperando o dia benfazejo no que possam germinar…

Eu, em ti, encontrei o meu lar…

Que tu germines, neste abraço sem pausas… que possas contar tua luz à luz da manhã…

Nova aurora – onde o tempo profundo mora – novos tempos nos que aprender a voar…SIMPLESMENTE… amar


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dancer in the Dark




Quando as vagas do desassossego se erguem sobre as paredes cintilantes da nossa cidade original...
Quando a vida ofusca com pesadelo o sonho de um viver tão real…

A força interior sufoca entre paredes de metal
O coração pára ao se desligar da sua energia vital

A força do ser palpita no interior… armaduras baças contendo sua dor… viva flor

Ser etéreo e original… degelo… cinzelamento… rudimento, frio, cinzento... de novo elevando suave espiral…

Entre os corredores da vida me fragmento – a eternidade: um momento... o sentido desconheço já…

Ecos de luz se abafam, seres de vida se embaçam, a dança perde seu lugar…

Pés que arrastam, corpos que se estremecem, vazio nas auras, vozes sem modular

Vivaldi perdido em corredor de casa vitoriana
Luz de vida, sentido, amor que trespassa…

Tensão complementar… abraço elementar… confiança... ir além... concentrar… trespassar couraças… voar!

Contido por honra, esperando nas horas... tua luz... teu despertar...

Portas de Luz



Quando os mundos convergem… e nasce o novo tesouro
Sua luz ofusca a percepção do antergo e dá espaço para o abraço do novo
Sem saber ainda a forma definida, sem estar presente o julgamento à partida
Apenas o abraçar em sintonia… verdadeira manifestação da própria vida….

A forma como embalamos essas sementes de luz,
Como lhes damos espaço no nosso jardim interior…
Como cuidamos sua essência para que nos nutram
Estendendo raízes pelo que somos e deixamos de ser
É mostra inefável da entrega ao novo caminho… ao amor… a viver

Semente plantada: no teu ser enxertada… nova vida à que dissemos “sim”
Raízes que se expandem, nosso ser fazem grande, e nos convidam a germinar

Um a um os bloqueios caem: barreiras se estendem frias – nas ruas outrora desertas
O que fica é a janela pura da alma, nova  vida de porta entre-aberta

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Lubre


Nas Noites de luar, nos círculos antergos, nas fragas, à luz da Lubre
Há seres que são da terra, que se movem nas brisas e nas brumas
Meigas que nos encantam com olhares de sortilégios mil
Gentes que se aprazem, por cultivar o campo e ser dele um fim
O que há no interior – é parte desta terra - porque terra somos nós…

Vogamos na imensidão dos tempos, para nos reentre laçar
Procuramos entre os recantos e momentos, um mundo encontrar
Somos vento que corre livre pelas veredas, espelhando os segredos que nos são contados
Somos pedras antergas, modelos de arte pela chuva estival
Somos lume, que dá lume às trevas…

Despertamos consciências para além dos confins do mar

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Luz de Um Novo Amanhecer

Algo me fez lembrar que somos permanente devir…

Correntes clássicas tendem esvaziar-se no mar do novo…

Primavera que limpa toda a mobília da mente humana…

De novo se recriam as vestes da consciência “awareness” humana…

De novo pairamos respirando ser…permitindo com nossa entrega e livre arbítrio o dizer “sim”… pleno, concreto, verdadeiro… para a voz que emana do ponto que racionalizamos como “coração”…

Ser e fluir…entrelaçar-se nas ondas do mar da vida e – entre elas – ser harmonia…

Abrir asas e pousar o ser noutro ser que se espirala entre a brisa pura das águas de mar… gaivota branca, garça plena…

E abrindo as asas – peito aberto, coração vibrando em brilho sem par - outra asa pousa nas nossas asas… e somos mais a voar…

Bando de gaivotas à solta, pairando nas novas encostas… longínquas e tão fraternais… trazendo para o mundo da praia, da costa conhecida, o chamamento da voz do SER REAL…

Realeza plena, chama pequenina: que se vai soltando em espirais de liberdade…

Sacrário de onde jorra a coragem que se vai abrindo: revelando sua luz, sua vida, seu amor…

Em cada ser humano há espaço para o SER.
A cada ser humano está a ser dada a possibilidade de optar… de ouvir… de ir mais fundo no seu centro e contemplar um laivo de verdade…

Para que traga ao mundo conhecido sob forma de dom ou talento… com a finalidade de ser simplesmente… sorrir por sorrir em partilha… abraçar por abraço da alma que se reencontra…

Não é obrigatório… é apenas um convite… suave, sereno, quase que tímido… como se a criança viva que há em nós nos encontrasse na praia, nos estendesse a mão pequenina e livre convidando-nos a caminhar – pés descalços – na areia sempre nova que as vagas do mar reescrevem após os nossos passos passar…

Irmão, irmã… caminhamos?