Música

segunda-feira, 4 de março de 2013

E - NA PRIMAVERA - CHOROU




Tinha terminado...



O Dinheiro já não era...



E agora... quem faria o mundo voltar ao eixo... o ser humano encontrar sua fonte primeira?...



Passeando - sem cheta no bolso - fui até Tui... sentei... meditei...



Havia uma mochila, um guarda-chuva- um portátil com alguma bateria... já havia o que fazer...

E la marchei...



Caminhando pelas ruas - nu: sem carteira ou visa que me marquem divida...
percorro recantos antes desconhecidos...
revejo rostos que soam de algo e procuro as memórias daquilo que nos teria acontecido...



E Sigo...

Vou caminhando - absorto... 
como uma criança que saiu agora do ventre Mãe...



Mundo novo - bizarro... 
talvez bem fazejo... 
talvez angosto... 
talvez estreito o caminho a seguir... 


haverá sombras lá fora - 
agora que não há moedas na carteira a tinir?


Encontra-me um amigo - que passa:

Daniel - para onde vais?

E - eu fico... 
meio estremunhado... 
pois não o esperava encontrar mais...



Falamos um pouco - da operação dele, das nossas artes marciais...

Terminamos - eu com umas moedas no bolso e umas lágrimas a desflorar...

Resulta é bem curioso... 
que me senti 

- LIVRE..


depois de um par de soluços... 
e de deixar o arcabouço daquilo que ia vestindo... 
dia a dia construindo 
com base na projecção, na aparência... 
na imaginação... 
tudo aquilo que 
- de mim - 


o dinheiro pôde comprar... 
fora lavado... 
por um companheiro na estrada... 
e umas lágrimas para o levar...



Como uma criança crescida 
- pela vida - 
passeei por entre as belas veredas junto às margens do Minho...



Sorri com as crianças do parque, sorri para os pássaros de cantos novos.... 
deleitei-me com as esferas perfeitas das copas sem flores... 
e com os pontinhos de verde que se encontravam à espreita...



e senti o belo dourado... 
e o suave salmão... 
do dia findado 
entre ecos de pedras, história e tradição... 
tudo ali: mesmo à mão... 
sem precisar de ir a Bali, à índia ou seu Ceilão... 
tudo ali... 
perto de onde nasci...



E vi o azul do fim do dia... 
mudar num violeta que se descai.. 
névoas e neblina em volta da cidade... 
mágica vivência de quem é livre para olhar... 


erguendo-se as sobranceiras muralhas 
do outro lado das águas em poder... 
todo harmonioso do qual eu era espectador 
em primeiras filas sentindo 
sendo partícipe  e actor 
desta nossa 

VIDA SIMPLES ...



Na Segunda-feira
- já com alguém que confiara em mim - 
tive oportunidade de preencher gasolina para ao trabalho ir...


Estando chegado, 
passo pelo café,
 deste serviço que já foi nosso 
e que agora ninguém sabe de quem é...



Encontro uma conhecida 
- de longa data centrada e sofrida 
trabalhadora para a saúde concelhia...


Devotou uma vida à carreira... 
tão lestas que correm as linhas do tempo...

quando se fazem frias e duras rectas... 
sobretudo no belo feminino 
- que, outrora - 
deu às rectas anguladas 
das ideias pelo masculino marcadas, 
suaves ondulações de vida, 


de momentos diversos, 
de levantar o olhar e ver
e celebrar
a alegria de viver
em todo o lado a ecoar



Mundo belo, sempre novo
No que as flores se despedem em Verão de frutas de oiro... 
e as folhas se deixam suavemente descair... 
para o manto branco deixar tudo latente 
para uma nova primavera ressurgir



(este é o mundo de verdade - 
aquele que vês, que sabes, que sentes, que partilhas... 
que viveram, vives e legas aos teus filhos e filhas)


além daquele outro
que nos querem vender 
- nas folhas de jornais sem escrúpulos
 ou de televisões que pensam apenas em margens de lucros...



Vendo-a chegar - rosto pesado, olhar vincado... só a pude convidar:

"Vem aqui, tenho algo para te mostrar"

E - um pouco dubidativa - ela veio... e olhou



"Já viste as lindas flores violeta que estão ali?... A Primavera Chegou!"...

E ela... primeiro conteve... depois chorou.... no fim riu um pouco (ah como te entendo!)...



Todos os dias passando nas portas da Câmara Municipal - totalmente rodeada de magnólias de branco e violeta e de tantas outras flores todas a despontar... e ela não viu...

E - quantos não o vêm?...



O mundo verde do outro lado do para brisas quando vão acelerando por ai fora, quando esperam nas filas da demora para entrar na grande confusão..

Quantos não vêm - a nova flor de virtude no filho, na filha que nos saúda .. e que não há tempo de abraçar, dar tempo, reconhecer... olhar...



Para isso - e pouco mais - estamos aqui:

Terá sido assim tão simples vender o óbvio pelo subtil engano de tantas coisas "importantes" que nos afastam de ser:

simplesmente

assim...



a criança com experiência de gente 
que se continua a fascinar pela primavera a despontar?




Vale a pena pensar 
- em como 
- e quando
 - vamos aprender 
a re-aprender 
a caminhar:



E MUDAR?

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