Tinha terminado...
O Dinheiro já não era...
E agora... quem faria o mundo voltar ao eixo... o ser humano encontrar sua fonte primeira?...
Passeando - sem cheta no bolso - fui até Tui... sentei... meditei...
Havia uma mochila, um guarda-chuva- um portátil com alguma bateria... já havia o que fazer...
E la marchei...
Caminhando pelas ruas - nu: sem carteira ou visa que me marquem divida...
percorro recantos antes desconhecidos...
revejo rostos que soam de algo e procuro as memórias daquilo que nos teria acontecido...
E Sigo...
Vou caminhando - absorto...
como uma criança que saiu agora do ventre Mãe...
Mundo novo - bizarro...
talvez bem fazejo...
talvez angosto...
talvez estreito o caminho a seguir...
haverá sombras lá fora -
agora que não há moedas na carteira a tinir?
Encontra-me um amigo - que passa:
Daniel - para onde vais?
E - eu fico...
meio estremunhado...
pois não o esperava encontrar mais...
Falamos um pouco - da operação dele, das nossas artes marciais...
Terminamos - eu com umas moedas no bolso e umas lágrimas a desflorar...
Resulta é bem curioso...
que me senti
- LIVRE...
depois de um par de soluços...
e de deixar o arcabouço daquilo que ia vestindo...
dia a dia construindo
com base na projecção, na aparência...
na imaginação...
tudo aquilo que
- de mim -
o dinheiro pôde comprar...
fora lavado...
por um companheiro na estrada...
e umas lágrimas para o levar...
Como uma criança crescida
- pela vida -
passeei por entre as belas veredas junto às margens do Minho...
Sorri com as crianças do parque, sorri para os pássaros de cantos novos....
deleitei-me com as esferas perfeitas das copas sem flores...
e com os pontinhos de verde que se encontravam à espreita...
e senti o belo dourado...
e o suave salmão...
do dia findado
entre ecos de pedras, história e tradição...
tudo ali: mesmo à mão...
sem precisar de ir a Bali, à índia ou seu Ceilão...
tudo ali...
perto de onde nasci...
E vi o azul do fim do dia...
mudar num violeta que se descai..
névoas e neblina em volta da cidade...
mágica vivência de quem é livre para olhar...
erguendo-se as sobranceiras muralhas
do outro lado das águas em poder...
todo harmonioso do qual eu era espectador
em primeiras filas sentindo
sendo partícipe e actor
desta nossa
VIDA SIMPLES ...
Na Segunda-feira
- já com alguém que confiara em mim -
tive oportunidade de preencher gasolina para ao trabalho ir...
Estando chegado,
passo pelo café,
deste serviço que já foi nosso
e que agora ninguém sabe de quem é...
Encontro uma conhecida
- de longa data centrada e sofrida
trabalhadora para a saúde concelhia...
Devotou uma vida à carreira...
tão lestas que correm as linhas do tempo...
quando se fazem frias e duras rectas...
sobretudo no belo feminino
- que, outrora -
deu às rectas anguladas
das ideias pelo masculino marcadas,
suaves ondulações de vida,
de momentos diversos,
de levantar o olhar e ver
e celebrar
a alegria de viver
em todo o lado a ecoar
Mundo belo, sempre novo
No que as flores se despedem em Verão de frutas de oiro...
e as folhas se deixam suavemente descair...
para o manto branco deixar tudo latente
para uma nova primavera ressurgir
(este é o mundo de verdade -
aquele que vês, que sabes, que sentes, que partilhas...
que viveram, vives e legas aos teus filhos e filhas)
além daquele outro
que nos querem vender
- nas folhas de jornais sem escrúpulos
ou de televisões que pensam apenas em margens de lucros...
Vendo-a chegar - rosto pesado, olhar vincado... só a pude convidar:
"Vem aqui, tenho algo para te mostrar"
E - um pouco dubidativa - ela veio... e olhou
"Já viste as lindas flores violeta que estão ali?... A Primavera Chegou!"...
E ela... primeiro conteve... depois chorou.... no fim riu um pouco (ah como te entendo!)...
Todos os dias passando nas portas da Câmara Municipal - totalmente rodeada de magnólias de branco e violeta e de tantas outras flores todas a despontar... e ela não viu...
E - quantos não o vêm?...
O mundo verde do outro lado do para brisas quando vão acelerando por ai fora, quando esperam nas filas da demora para entrar na grande confusão..
Quantos não vêm - a nova flor de virtude no filho, na filha que nos saúda .. e que não há tempo de abraçar, dar tempo, reconhecer... olhar...
Para isso - e pouco mais - estamos aqui:
Terá sido assim tão simples vender o óbvio pelo subtil engano de tantas coisas "importantes" que nos afastam de ser:
simplesmente
assim...
a criança com experiência de gente
que se continua a fascinar pela primavera a despontar?
Vale a pena pensar
- em como
- e quando
- vamos aprender
a re-aprender
a caminhar:
E MUDAR?
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