Quando encontrar
um elemento
que partilhe a prática
de forma a assegurar
o seu fundamento?
Como encontrar
quem assim possa partilhar,
assim possa viver…
e assim possa perseverar
no caminho de se transcender
– reconhecendo por dentro –
o verdadeiro valor
a se reconhecer
e assim fazer valer?
Como se pode encontrar
– seja homem ou mulher –
que transcenda
o que se vê e acenda
e ajude a encontrar
– esse caminho que se percorre a pé –
esse que se passa ao ritmo interno
– aquele que mais ninguém vê?...
Onde encontrar
esse sereno lugar
– onde ensinar
e ao mesmo tempo aprender…
e onde plantar
essas sementes
que nos são dadas a partilhar
– sem ninguém mais ver,
sem ninguém mais saber?...
Onde o lugar,
qual a pessoa ao transparecer…
como transformar
esse ideal
– real –
O que por dentro,
dia a dia – se faz querer,
se transforma e me faz
nos faz crescer?
Como seguir essa via
– que por dentro se anuncia –
que trespassa a noite
e acende o dia
– e como seguir e prevalecer –
nessa meta que nos guia,
que por dentro é mais-valia
– e por fora espera o lugar
onde se enraizar,
a árvore firme e viva
por onde nos fazer voltar
– sendo ao mesmo
tempo esquecida –
de todo e qualquer lugar banida
– velada para assim poder continuar…
Desenvolver sua labor
– por devoção e por
amor –
sem mais se dar –
do que o tempo e atenção
qualidades para assim continuar
– e em qualquer idade –
Além da idade
a perseverar…
a treinar aprender e ensinar
E caminhar – para a imensidão
Do amplo Mar
que se acende no
coração
Para o lugar
que – por devoção –
nos foi dado a conhecer
e assim
depois
Ser
E assim
Depois
divulgar
És tu o amigo ou amiga
que me pode acompanhar
És o esteio de vida
que assim
se possa assegurar
De Que todos os que recorrem
Os que à sombra da árvore acorrem
Assim se mantem fiéis
E sem mais
Continuar…
És tu quem
Saiba gerir
Quem poderá
Estar e ir
E quem poderá depois voltar
Se “ali”
Com quem
Não encontrar ninguém
Nem encontrar seu lugar?...
És tu quem ajudará
A caminhar
E a levar
Quem houver a levar
Para esse
Nosso outro lugar?
És tu
Quem perseverará
E esperará
Até receber notícia
De onde
Esse
Nosso lugar estará?
És tu
Quem
Já em mim está?
És tu
Quem
entende
Vive
e sente
E respira e vibra o nosso mesmo ar
Na mesma forma de andar
Na mesma ânsia desmedida
De se fazer voar
Asas de vento e sonho
Em mãos a entrelaçar
Ou
Vivas e livres
e puras e limpas
Asas devidas
Revividas
Para de novo
Nos libertar
Aprender
a se soltar
E se entrelaçar
Em espirais
Que pairam
Além do que se mostra
E aquém do que estar
Em mal ou bem
Mundo nosso novo
Mundo de pequenas gotas
De água
Que são novo povo
Garças
ainda
por se encontrar
E no ar se espalham…
Por todo e qualquer lugar
Onde tu estas
eu hei de estar
Onde tu e eu
Nos havemos
de encontrar
Será esse o lugar
Lembras?
Como eram
As eras
Antes de aqui chegar?
Lembras
Como se torna
Lenta
A quimera
De nos voltar
A abraçar?...
Pausadamente
Nesse
O nosso
verdadeiro
lugar
De novo… novo povo
Além do que o espelho
Nos pretendia mostrar
Consegues
me
Ver
E mais não duvidar?...
Nem novo nem velho
A essência que te
procura
A que tu aqui vieste encontrar?
Lembras
o nosso primeiro olhar?
Lembras o primeiro passo
Que juntos
Ousamos dar
Lembras como foi
o mergulhar
E como prometeste
Que juntos
Iriámos nos erguer
E regressar?...
Lembras a ameaça que pairava no ar
O som do trovão
e a máquina pesada a pairar?
E a fria e fina espada
Na minha mão a pesar
A atitude certa
E a opção a tomar?...
Lembras que subi
Por ti
E seguir
E sai…
E olhei
Sem crer no que vi
E tu me disseste
Mais não vás!
E eu fui
E subi
E segui
E desafiei a sombra
da máquina medonha
que chegava para imperar?...
Lembras como foi
o relâmpago que nos veio cegar?...
Como foi a tua essência
da minha separar
Lembras a luz de sempre
No veludo de um poente
Em purpura a nos embalar?
Eu lembro o canto ridente
Das chamas douradas
Desse outro poente
Que se encontra além
Aquém
Do que alguém
Possa mais recordar
Criança latente
Eterna
Presente
Para
No momento certo
Se evocar
E (nos) libertar…
Encontro abraçado
Abraço irmanado
Sol e luar
Eclipse de vida
Em NOVA VIDA
Se transformar
Doar
Lembras porque nos lançamos
Porque neste plano entramos
Para aqui
Desde aqui
PODER
Voltar?
Lembras onde estará o lugar
De onde se eleve
Aquilo que a voz teme
Aquilo que o tempo cede
Aquilo que por dentro
se atreve
A desafiar
Os limites que nos são ditos
Serem pauta deste lugar?
Lembras além da imagem
O que se encontra
Por encontrar?
Lembras a essência viva
Que nos anima e convida
A perseverar?
Lembras a arte Viva
De devoção singular
Marcial por opção
A que aqui
Nos fizeram descobrir
e encobrir
E a ti e a mim
E no silêncio deixar…
Latente coração presente
Promessa a se manifestar
Um dia certo
Cuja data e tempo
Não sei eu lembrar
Pois caminhos fizeram
Para nos descobrir devagar?
Lembras como entrelaçar
O sopro do vento
Com o teu a ser a esvaziar
E depois preencher de eterno
O que o tempo
E o vento e a gente
Não consegue mais evocar?...
Lembras como sentir
e desatar
os nós do vento
e do tempo
e ir
e depois voltar?...
E voar
Entre a rocha silente
Esta que te apoia
Sempre presente
Além de toda
E qualquer memória
Entre a vaga a chegar
E a areia silente
Com a água do mar salgado
Corrente
A se entregar
Palavras vivas
De vidas entrelaçadas
Assim sem se notar
Sibilos de areias finas
De vozes esquecidas
Em ti e em mim reflectidas
Para bem mais poder abraçar
Do mar
o ruido estridente
Voz do Amar interno
Grito inteiro
Grito vero
Verdadeiro
Que ecoa
sem se querer
mostrar
Inteiro
Sedente
Dessa vida eterna
Para nós PRESENTE
A se manifestar
E entrelaçar
A vaga
A rocha o mar
E o seu cantar
Em dança
Que é do Universo
E acender a vera luz no final
A subir assim te esvais
Além do medo
E sem mais…
Desde ti a fluir
E subir
Em espiral
E nevoa te ocultar
E assim
Em voo de novo
Regressar
Entrelaçada
Entre o eco distante
De todo um povo
Que te pretende cantar
Encantar e evocar
Ao abrir sua boca
E com coração recordar…
Quem se entrelaça e abraça
O teu e o meu ser
num cântico final
Quem se mostra
Sem se declarar
Que se demonstra
Entre nós
Além de toda a posta
Que quem não crê
Possa fazer ou marcar
Que a força
Que é nossa
Nem se esquece
Nem se pertence
Nem pretende
Se deixar notar
Se deixa ir
Se esvair
Para voltar
Como brisa
Água
Sol e mar
E luar
Reflexos perdidos
Em ti e em mim contidos
Entre ecos perdidos
Entre florestas revividos
Para nos evocar
O eterno retorno
E o nosso avançar
sem cessar
E ir além “mar”
E nessa costa
de morte
Encontrar
o lugar
Perdido
Esvaído
Esquecido
Assim guardado
Assim velado
Prometido
Para quem assim
Souber, quiser e puder
Perseverar…
No procurar
No recordar
No levar
por dentro
A chave
Da porta
Que nunca
se ousou fechar
Sabes tu
Quem sou eu afinal
Saberei
Eu te reconhecer
Se divagar?
Um dia
Num certo horto
Num certo lugar
Encontrando
perseverando
Entre carvalhos
E rochas
De um outro lugar
As madeiras antigas
Nossas
Nosso fogo
Lar a habitar
Para outros ajudar
Para que descanse
Que por ali esteja a passar
E quem vá
Além do riacho vivo
Que é em nos contido
E prometido
Para ser
e partilhar
Receber, albergar
Os peregrinos antigos
Que vagam ainda
Procurando o eterno vale
Por enquanto
medito
o que digo
Partilho
Contigo
Amiga
Amigo
Um sonho
que me foi dado
a “escutar”
E depois
Ainda
me deixo levar
Se me esquecer
Estarás tu lá
Para me recordar…
Sabendo que é esse o lugar
onde podemos ser
E este tempo
de começar a fazer vingar
a semente que por
dentro
deveremos depois plantar
Os ventos se aproximam e esvaem
Os tempos correm e descaem
Novas vitórias e derrotas esperam
Ou simplesmente novas metas
Para partir
E deixar atrás
Os ventos de tempestade
E as gentes sem idade
E os rios
Destes vales
E tudo o que em nós mais não cabe
Para depois poder transformar
Nesse novo tempo
Nesse nosso lugar
E reaprender a ver
o que nos ensinaram
a esquecer devagar
E assim reviver
De novo
O eterno
Por dentro
Por fora
Em qualquer lugar
e assim abarcar
O que por dentro
Por fora
Sem tempo
Ou hora
É para ser
Ser
E ASSIM SABER VIVER
Abraçar
Além do temer
do duvidar
Um momento
além do tempo
Em qualquer tempo
e em todo o lugar
Esperar o que já está em nós a despertar
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