Música

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A-MORS




Entrelaçados… dois seres… luz pura feita toque, saliva e contacto… e prazer…

Etéreos… aninhados… asas com asas num voo pela dor de sofrer… do querer

A presença amada, o sentir como o tempo a paixão apaga… como a vida deixa de sorrir…

Então: despertos – reconhecemos nossa sina, nossa verdade… nossa vida…

Jardineiros eternos, cuidadores das rosas do porvir:

Desatamos nós da vida, entrançando horizontes, fazendo prece daquilo que só a alma consegue ouvir…

Água viva, chama pura… ser que o tempo apura…
Alimento com olhar, com toque, com regressar… a casa – à terna morada

Do nosso abraço eterno, da nossa sensibilidade pairando… do nosso momento presente…

Pele com pele… finos laivos de prata percorrendo a luz do real

Arfejo… boca que com boca falando desejo… corpos que ondulam num eterno mar…

Confesso… os nós que me prendem por dentro, a vida que em mim alento… confiando mergulho buscando mais…

Olho para o alto… não te vejo… de repente sinto o toque que reconheço… te contemplo… sei onde estás…



No peito palpita uma chama… pura, entrelaçada… segura… centro presente do meu amor em ti…

Deste porto seguro partem os barcos que ancoram noutras margens, noutros lugares… noutras tribos e linguagens que não aquela que nos foi dada a escutar…

Palpitares… pairar de serenidades, que se esvaem pela pele… sopro de verdades… revivendo cada desejo com o rebento de sementes vivas prometendo jardins celestiais…

Tu… e eu…. somos mais…

Em cada gesto de carícia, toque ou partilha… em cada confissão do alto ou do baixo que esta gente aninha… há algo de maior… mais profundo do que a dor do mundo… mais amplo do que o amplo mar…

Confiar… em cada beijo para além do desejo… em cada carícia como reconhecimento… sereno… cada sorriso um oásis ameno… cada gesto de encontro a porta de entrada para um mundo mais real… nosso paraíso terrenal…

É ai que eu te vejo… despida dos robes que a realidade apura, das vestes encantadoras que a visão ofusca… das máscaras de argila que se desfazem em cinzas, das cores garridas que vêm dos corais… eu Sei-te mais…

Sei teu coração inflamado, sei o que é sentir-me a teu lado… sei… um coração só entre dois a palpitar…

No fundo… renascemos por dentro… jardineiros eternos cuidando sementes de tempo que esperam desabrochar…

Em ti me vou plantar… nesse peito me reconheço… nesse respirar me embalo e desperto – dia após dia… para ver novamente este lugar sabendo… que é apenas um sonho… que por dentro está o despertar…

Que tu eu vivemos no outro lado do rio, que a nossa vida É A VIDA: que não mais perdida se estende em ondas douradas pelos campos do amanhã…

Ecos que palpitam, sementes que dormitam: esperando o dia benfazejo no que possam germinar…

Eu, em ti, encontrei o meu lar…

Que tu germines, neste abraço sem pausas… que possas contar tua luz à luz da manhã…

Nova aurora – onde o tempo profundo mora – novos tempos nos que aprender a voar…SIMPLESMENTE… amar


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