O Norte entrou pela barra
já ninguém se espanta aqui
basta um abrigo, uma capa
ou um beijo.
O Norte avisa que o tempo
só se altera por três dias
e o vento que nos trespassa
não sabia.
Neva sobre a Marginal
só que a neve não espera
não se vai com a primavera
nem fica á espera no chão
Neva sobre a Marginal
quem me dera que mar fosse
o mar é muito mais doce
e não fere o coração
O Norte foi como veio
sem avisar, sem um gesto
sem um grito ou manifesto
sem dizer se isso lhe dói
Leva para outras paragens
O resultado dos ventos
leva também as imagens
dispersas de lamentos.
Mas deixa as dos bons momentos
para voltar.
De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada?
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado?
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido?
De que fontes, de que águas
De que chão, de que horizontes
De que neves, de que fráguas
De que sedes, de que montes
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada?
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado?
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido?
De que fontes, de que águas
De que chão, de que horizontes
De que neves, de que fráguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lida
De que desertos de morte
Vieste tu, feiticeira
Inundar-me de vida...?
De que noche demorada
O de que breve mañana
Llegaste tu, hechicera
De nubes deslumbrada?
De que sueño hecho mar
O de que mar no soñado
Viniste tu, hechicera,
Anillarte a mi lado?
De que fuego renacido
O de que lumbre apagada
Viniste tu, hechicera
A segrediarme al oído?
De que fuente, de que agua
De que suelo y horizonte
De que nieves, de que fraguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lidia
De que desierto de muerte
Viniste tu, hechicera
A inundarme de vida...?
De que fontes, de que águas
De que chão, de que horizontes
De que neves, de que fráguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lida
De que desertos de morte
Vieste tu, feiticeira
Inundar-me de vida...?
De que desertos de morte
Vieste tu, feiticeira
Inundar-me de vida...?
De que noche demorada
O de que breve mañana
Llegaste tu, hechicera
De nubes deslumbrada?
De que sueño hecho mar
O de que mar no soñado
Viniste tu, hechicera,
Anillarte a mi lado?
De que fuego renacido
O de que lumbre apagada
Viniste tu, hechicera
A segrediarme al oído?
De que fuente, de que agua
De que suelo y horizonte
De que nieves, de que fraguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lidia
De que desierto de muerte
Viniste tu, hechicera
A inundarme de vida...?
De que fontes, de que águas
De que chão, de que horizontes
De que neves, de que fráguas
De que sedes, de que montes
De que norte, de que lida
De que desertos de morte
Vieste tu, feiticeira
Inundar-me de vida...?
Há uma voz de sempre,
Que chama por mim.
Para que eu lembre,
Que a noite tem fim.
Ainda procuro,
Por quem não esqueci.
Em nome de um sonho,
Em nome de ti.
Procuro à noite,
Um sinal de ti.
Espero à noite,
Por quem não esqueci.
Eu peço à noite,
Um sinal de ti.
Quem eu não esqueci...
Por sinais perdidos,
Espero em vão.
Por tempos antigos,
Por uma canção.
Ainda procuro,
Por quem não esqueci.
Por quem já não volta,
Por quem eu perdi.
A vida se renova adquire nova cadencia e entre as copias que recopias essa estranha alta ciência permanece em si escondida permanece em ti - acesa - qual chama de vida - qual a devida surpresa...
Era a tarde mais longa de todas as tardes
que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas,
tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos
no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos
ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde
em que tanto tardaste
o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver
outra noite,
para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites
que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas
e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos
cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite
uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite
nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite
amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem,
vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura,
se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste
despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem
se quer tanto!
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