Música

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Brida

Tinha desistido da vida... fazia algum tempo: não acreditava em si mesma, no seu corpo, na sua beleza singular...

Rapariga e mulher vibrante, abafada numa sombra ofuscante que a estava a deturpar...

Procurara por termo à vida... assim a conheci por Braga... algures nas portas do S.Marcos...

Não compreendia: sigo sem compreender... só que agora sorrio para o seu ser de Mulher...

Que fora necessário para desfazer as fundações de vida que lhe davam lugar e que força anterga teria de ser reavida para que a sua alma começasse de novo a palpitar?...

Florestas mágicas, antigos rituais... portas antergas que abrem canais...  vida a nos inundar: subtis premissas que trazem novamente a ilusão do avançar e o espírito da vida correspondendo ao seu eterno lugar.

No trono daquele coração humano - feminino em natureza - palpitava um anseio sagrado... vestido de sarapilheira por vozes que o clamam de profano:

aquela menina mulher queria amar... para além do que lhe era dado a venerar, para além das rotinas e esquinas talhadas com ordens e esquadro... queria amar desde o "outro lado"... aquele mundo difuso no que a vida reina plena e a mente a ela se sujeita e nela se serena...

O foco - a vida: a dela, a verdade perdida.

O compromisso - não ir mais além do que os passos de ambos pudessem caminhar - estar sempre atentos às curvas do caminho e aos lanços ocultos que o eterno desconhecido nos poderia brindar... é assim caminhar nas Brumas;

A minha parte - servir de guia, amparo e companhia numa jornada que era o resgate de uma alma escondida entre os vales das Sombras Antigas e o reencontro com a magia desta minha vida feita passos reais...

Caminhamos - por florestas escuras, por lagoas profundas; entre luzes nocturnas e vivos rituais: iluminando o escuro da ignorância dessa vida que se inflama e desprende e em nós clama por mais...

Caminhamos no mundo da intuição - procurando, mão com mão, estar a par do ansiado palpitar de coração: livre, emancipado, vibrante... iluminado;

Meses a fio practicávamos.

Nas florestas que nos acolhiam, entre as brumas que eram nosso fado...

Dia a dia ela regressava.
Cada dia mais entusiasmada - com os exercícios que se iam fazendo, com a alegria de ir reconhecendo recantos de magia entre as esquinas esguias da vida outrora banal...

O Dragão preenchia sua alma vazia com o fogo da Sua Eterna Chama... e ela bebia - como criança recém nascida - o hidromel da intemporal...

Passo a passo cresceu.
O seu Dom apareceu.
Sua altivez como senhora de destinos se ergueu...

Um dia - como iguais - nos olhamos; como iguais nos respeitamos... como iguais seguimos caminhos separados: destinados a nos perder e reencontrar para outros corações iluminar...

A chama do Dragão não se extingue - é a vida que nos atinge desde o momento que a vida berramos, desde o momento no que a beijamos com fogo e voragem - essa alegria selvagem de estar conscientes daquilo que em nós palpita e da força consciente que a eleva e excita até patamares nunca outrora tocados...

O Furor do Dragão - quando suas asas se estendem... entre dois ou mais seres... que expandem sua vida e luz: transformando, queimando o ser frio e mesquinho que outrora se arrastava onde havia um rebento de esperança e de luz - uma vida de ser criança - destinada a cantar as eras, preencher quimeras e dar ao mundo novos mundos fruto do amor.

Magos dos tempos ou simples guerreiros intemporais; seres humanos que se não deixam confinar nos requadros gravados pela roma dos avós... pois antes haviaum mundo mais belo que ainda ecoa em muitos de nós...

Esse - como fogo que renasce - vem ao de cima e se faz arte, vida, movimento, voluptuosa sedução - num momento, num poema de sentimento, num toque... numa simples canção...

Basta vibrar - bardos das eras - basta vibrar... e as armaduras pétreas cairão... cairão ao chão... revelando os seres ocos e suas frias pedras... túmulos caidos de branco soltando prisioneiros encerrados no seu próprio e frio vagar... eterno caminhar para lugar algum do seu ser intemporal...

Como filhos da chama viva temos o dom de invocar a virtude criativa para fazer deste mundo o nosso verdadeiro lar: não outro imaginário, não outro prometido como cenoura ao asno para o forçar a caminhar... nenhum outro que não esteja ao alcance da tua força, da tua arte, do teu saber invocar - toda a vida e toda a parte que és tu sem te dissipar...

Agora - ser... alma irm@ - procura pois estamos a caminho já...

A porta do meio é tua ! Vai!


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