Música

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mil Fogos


O fogo que queima por dentro - que se ergue e nos funde... as diferenças que nos separam se fazem os elementos que nos perfazem um ser Novo - duas formas de ver que dão um giro de 360º na forma de estar no mundo.

Dois espelhos - 180º+180º que - fundidos - se tornam esfera de sonhos e fundamento de vida...

Pedras basilares que se entrelaçam para que outros seres se ergam sobre nossos ombros...

Quando dançamos mulher bela... quando nos entrelaçamos: com deleite, sincera entrega... verdadeira espera... esse calor que de nós exala espera a consciência que desperta:

 porque se ama a orientação mais fina e pura para essa chama sagrada que o tempo apura... e essa força responde aos que se entregam... os que deixando atrás as amarras - os véus que separam - se aventuram dentro da sua terra encantada...

E das profundezas um fogo se ergue sem se ver... e o cálice sagrado do teu corpo mulher se preenchendo do líquido vermelho - magma em ebulição - anima e animo em conjuntio de devoção... vida que se alegra e recria...

Salto quântico para além da tristeza... despertar mágico para além das linhas impostas pelas horas repetidas na certeza.... são flores garridas plantadas pelo nosso querer entre as linhas frias dos passeios de avenidas calcadas diáriamente por pés inertes e andares ausentes...

O nosso beijar... a forma de ondular - duas ancas - taças sagradas - a transbordar ... vida: em cada gota vertida que cai no chão uma nova marca garrida a caminho do coração...

Flechas púrpura pintadas por amantes verdadeiros - entre as linhas dos que caminham cegos e os círculos daqueles que se consideram perfeitos...

É o caminho do amor, fio da Ariadne redentor: entre as esquinas vazias da vida repetida;

faixa oculta de um vinilo sem nome, tocado tantas vezes até exaurir... faces lisas... ninguém, nada, nenhures a onde ir;...

 de repente - se revela uma décima terceira música nas suas doze faixas... uma nova - oculta - por entre os estados emocionais de quem ouvia - e só - pretendia desvendar o segredo do amor com a força irrisória de seu saber e dor...

Pois a vida é para se desvendar a dois...

De repente as ruas se iluminam... passeamos invisíveis pois nossa luz cega.
Namoramos de mansinho - sorriso, toque, olhar... beijo de mimo e desejo de se entrelaçar...

Qual moral, qual juízo animal?
 - tão parecido aos que afundam no lodo do instinto é aquele que ergue o dedo esguio - por estar vazio de si e do outro - e dita sentença de morte aos vivos antes de que a vida lhe revele o seu próprio jardim zoológico de desespero...

E passeamos, e dançamos - risos inocentes que brotam de lábios luzidios... "mil fogos" como diria o poeta - que vão queimando as frias adagas da rotina, outrora cravadas por todo o corpo como forma de vida...

E a dor, a duvida e contenção são jogados no caixote do lixo da reciclagem de substâncias radioactivas... e passamos a exalar luz solar, passamos a expirar ar com aroma de eucalipto... mistura de carvalho antigo e abraço de oliveira velha... raízes profundas da mesma terra... entrelaçar do sublime e supremo canto com o poderoso ronco dos espaços velados baixo os pés dos amados...

E dançamos... uma pequena jinga - a tua anca na minha... vão encaixando dois seres... suas forças se exaurindo e regressando - como formas de luz palpitando - ao tom inaudível de um coração magistral...

Cores douradas, misturadas, com vermelho carnal e violeta ideal... dançam e se entrelaçam nas ruas outrora vazias... agora cheias de vidas que se esbatem em cores frias e tons pastel... formas de seres pares que se aproximam e nos embalam... pois sós não estamos - apenas conectamos nosssa dimensão com o ser mais alto - com vibrar prazer pelo simples facto de estar... e ser..

E agora minha amiga e companheira - aprendamos os gestos que ficam fora da dança eterna - os passos que - pisando a linha da vida - nos projectam fora da sintonia de estar em espiral enlevados - como rodopio sagrado - entre os mortais ancorados ... dançando entre os anjos velados...

E - sendo ponte viva entre os densos e os imortais - seremos fogos vivos - dançando e entrelaçando nossas forças vitais...

Verdadeiros magos... seres sábios ao invocar - o sentido de vida que se desdobra - enriquecendo o mundo "real" no que toda a gente adormece, entristece e esmorece...

Nós não!!!

Temos pacto de vida, acordo de entrega - temos uma espiral desconhecida - que até ao sétimo céu nos eleva... e ilumina;

Dançamos entre as cores vivas, entre as estruturas garridas de seres indiferentes... entrelaçamos nosso ser - nossa mente - com o seu festival imortal... e descendo suavemente a escada em espiral - vamos trazendo aromas de vida, tons de sintonia e música celestial - para todo o irmão sonhador - todo o ser com valor - que esteja prestes a despertar...

O Dragão se alegra com estes - corações abertos, peitos rasgados por uma causa e um ideal - sua força e sua vida os inspiram a subir e servir testemunho perante o eterno tribunal....

Os seres etéreos, os alados que flutuam e planejam entre silêncios velados - nos recebem acolhendo nossa dança e sentimento, deixando que partilhemos - por momentos - do banquete original..

Depois somos nós - tu e eu - os que devemos engendrar - com toda a arte e saber ancestral - formas, vias e caminhos - para regressar:

sabendo que o caminho é sempre diverso e nunca igual, a sintonia sempre efémera e imortal... como sopro de brisa ou chuva que se esvai...

Cabe-nos a nós manter o tom da verdade - a linha fina que se caminha para a eternidade.. e ir convidando os irmãos a dançar... a seguir... a acreditar;

Suas mãos entrelaçar - seu corpo iluminar - no sentido mais profundo e mais vivo que possamos encontrar - para voltar - evocar - e inspirar: nós mesmos a unir nosso canto num tom mais alto e à grande assembleia nos congregar...

Aqueles que nos rodeiam... sentindo e ansiando - o convite sagrado - possam deixar de lado o antigo passado e: despindo vestes velhas - encontrar as novas formas - sorrisos iluminados, andares concertados, fogos vitais... mais do que os trajes já usados - sejamos pontos sagrados para crescer e se orientar:

Há um caminho - há um mundo novo... ser homem, ser mulher:
 juntos, no amor que une e liberta - que encontra e suporta - encontrareis as pistas e as flechas púrpura que guiem vossos passos para o santuário já preparado.

Roma Cairá - nas suas ruínas apenas encontrareis pó, cinza e dor...

Entre vocês - no vosso mais puro e honesto caminhar - na vossa forma única de vos entrelaçar... nos passos que aprendestes a dar:

- a dois - com devoção, entrega e amor - ai tendes caminho para andar e horizonte para avançar...

A luz em cima do monte é a preparação do vosso regresso:

das tribulações apreendidas - à luz do amor esbatidas - por terem sido integradas no vosso ser sagrado;

das alegrias - chamas expansivas que marcam caminho para os que atrás caminham - procurando flechas púrpura entre o lusco fusco do seu despertar....

Por isso - ser irmão - vai... dá mais...

Tens uma missão e um sentido neste lugar...

Subir o monte e iluminar seu cume - "mil fogos no nosso olhar"... vida apaixonada que deve ali chegar...



Começa já - não te deixes esmorecer... não te deixes adormecer... o poder da tua atenção é a medida da capacidade de dar passos e caminhar.

Companheiros de vida, comprometidos na investida: subir o monte e no caminho iluminar...

Vamos! O tempo está ai a chegar!

Roma cai - venha Portugal

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